Quem sou eu

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Do amargo, o doce

Vivo de questionamentos. Soltando as palavras mais livres que eu puder, pensando alto. Desisti de “mimificar” o que se passa por trás dos meus olhos, de ser educadamente conivente com as atitudes alheias. É como se eu não combinasse com os cenários em que convivo, é como se eu estivesse fora de estilo.

Vou correr, tocar o ar, olhar o céu, pisar no chão batido, mergulhar de cabeça naquele marzão que tanto admiro de longe e despir-me do mau costume de não ser eu mesma. Isso é essencialmente vida, é como se eu estivesse me retratando pelos vários anos de desencontros, pelos sonhos não decifráveis, por fugir todas as manhãs da frente do espelho, por sair apressada com um copo de café na mão, pelas ruas, exalando melancolia, escondendo as minhas olheiras por trás dos grandes óculos de lentes marrons, mesmo em dias chuvosos. Pelo menos agora acabou a vergonha, já posso ir e voltar sem medo, sem fugir dos olhares de reprovação ou me entusiasmar com os elogios gratuitos.

É isso. As minhas mãos estão libertas para pensar, e confesso o quanto é bom sentir a permissividade. Não quero gerar vazios, não quero fingir que o amargo é doce, mas posso sim fazer do amargo, o doce. É a forma mais gostosa que descobri de saborear um dia após o outro.

Vale a pena.

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