Quem sou eu

sábado, 16 de outubro de 2010

Daquilo do que somos feitos*

Muitas vezes a razão nos deixa de coração endurecido. E no corre-corre do nosso cotidiano nem nos damos conta de quanto o efeito blasè nos impede de perceber o mundo com os nossos próprios olhos. Indiferentes com os outros, indiferentes com a nossa vida. Nem ao menos nos reconhecemos como tal, nem temos a certeza de gostar de uma determinada coisa pelo tempo de uma estação. Logo vem o novo e nos arrebata, logo vem o novo para desestruturar o que foi construído. O pior de tudo é que cedemos. O pior de tudo é que nascemos e crescemos com a sensação de que o mundo foi sempre assim. Até parece...

*frase da querida Nina.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Do vazio

Todas as minhas dúvidas serão transformadas em outras dúvidas. Eu sei. Parar de pensar não posso, talvez a morte das ideias fosse uma solução. Talvez. A dúvida então permanece.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Do amargo, o doce

Vivo de questionamentos. Soltando as palavras mais livres que eu puder, pensando alto. Desisti de “mimificar” o que se passa por trás dos meus olhos, de ser educadamente conivente com as atitudes alheias. É como se eu não combinasse com os cenários em que convivo, é como se eu estivesse fora de estilo.

Vou correr, tocar o ar, olhar o céu, pisar no chão batido, mergulhar de cabeça naquele marzão que tanto admiro de longe e despir-me do mau costume de não ser eu mesma. Isso é essencialmente vida, é como se eu estivesse me retratando pelos vários anos de desencontros, pelos sonhos não decifráveis, por fugir todas as manhãs da frente do espelho, por sair apressada com um copo de café na mão, pelas ruas, exalando melancolia, escondendo as minhas olheiras por trás dos grandes óculos de lentes marrons, mesmo em dias chuvosos. Pelo menos agora acabou a vergonha, já posso ir e voltar sem medo, sem fugir dos olhares de reprovação ou me entusiasmar com os elogios gratuitos.

É isso. As minhas mãos estão libertas para pensar, e confesso o quanto é bom sentir a permissividade. Não quero gerar vazios, não quero fingir que o amargo é doce, mas posso sim fazer do amargo, o doce. É a forma mais gostosa que descobri de saborear um dia após o outro.

Vale a pena.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Do outro lado da rua

A minha confusão era tanta, o meu mundo estava tão fechado e escuro que não conseguia enxergar a um palmo. Os sinais fechavam desordenadamente. Nada fluía. E aquele desassossego me empacava, os pés estavam fincados no espaço (esparso). Eu era a dona do nada, apenas dos olhos d'água. Sem poder voltar, fiquei, sem poder ficar, dei o primeiro passo. E numa exaustão descomedida consegui cruzar a esquina e conhecer uma nova cidade. Foi lindo, lindo encontrar você acenando do outro lado da rua. Sorrindo. Esperando por mim desde o passado, desde quando existe o tempo.